domingo, 22 de junho de 2008

Cicatrizes

A RTP 1 está a passar um documentário sobre Xanana Gusmão. As imagens são marcantes pela beleza imprimida, que transformou uma simples filmagem num trabalho quase fotográfico. Mas as palavras ditas por alguns intervenientes são avassaladoras. Numa visita a uma aldeia, Xanana conhece uma menina de 13 anos, Flávia de Jesus, que tem uma cicatriz, bem vincada, entre a bochecha e o nariz. "Foi uma catanada", diz, enquanto faz o relato de que este acontecimento está relacionado com o assassinato da sua mãe e do seu pai. Xanana ficou impressionado com ela por causa da sua história. Eu fiquei impressionada com ela por causa desta bela frase: "Tenho esta cicatriz e não me envergonho. Ela é uma marca da guerra!"
Caramba! Já senti tanta vergonha por cicatrizes, com toda a certeza, menos evidentes. Já revelei tanta falta de coragem em situações, com toda a certeza, menos dramáticas.
Pode ser que tenha aprendido alguma coisa com a Flávia de Jesus. Há cicatrizes que não devemos ter vergonha de esconder... São marcas de guerra!

1 comentário:

Anónimo disse...

Às vezes apetece-me desistir de tudo, da vida, de mim, do que me rodeia...

Às vezes penso que tendo eu tudo o que alguém normal poderia e gostaria de ter, porquê pensar em deixar tudo...

Às vezes apetece-me chorar sem saber bem porquê...

Mas quase sempre acabo por pensar que vale a pena, que quando estamos em baixo, temos de fazer tudo para voltar à borda de água... mesmo que fiquemos a olhar para as cicatrizes... mesmo que estas às vezes pareçam que não vão fechar... que vão ficar ali, feridas expostas para o resto da vida...

Mas não... acabam por fechar um dia, às vezes não sabemos é quando, mas fecham...